domingo, 27 de dezembro de 2015

Planos

Meus pais achavam que eu estava dormindo quando tiveram uma conversa sobre o peso inútil que eu tenho sido na vida deles. Na verdade, eu não ouvi muito sobre o que minha mãe falou... além do velho discurso de que tudo o que ela fez foi pra me fazer feliz e me dar condições boas de vida etc..
O que mais me machucou na verdade foi meu pai... Ele me odeia. Ele deixa claro que só está aqui por eu ser uma obrigação (que nem precisava ser, já que ele é meu padrasto mesmo). Entre outras coisas, ele desprezou o trabalho da minha psicóloga, dizendo que provavelmente ela está colocando toda a culpa neles, e que por culpa dela eu não tenho emprego agora. Também disse que eu sou basicamente uma velha gorda que fica na cama o dia todo e não faz nada. Disse que eu preciso de um tapa na cara pra deixar de ser preguiçosa, que eu preciso tomar um rumo na minha vida pra parar de fazer eles sofrerem, e parar de ser medíocre no que eu faço só pq estou triste.
Tirando a parte da minha psi, tudo isso é verdade. Apesar de que eu trocaria a palavra preguiça por medo. E apesar de eu saber que tudo isso é verdade, nada me dá vontade de ir tentar coisas diferentes. A única vontade que eu tive foi de achar a sua arma e dar um tiro na minha cabeça. Pronto, maneira mais garantida e rápida de suicídio! Não preciso de planos. Não preciso de remédios. Tudo estaria resolvido pra todo mundo. Liberdade pra mim. Liberdade pra eles. Um pouco de sofrimento pros meus amigos, mas tudo ficaria bem em menos de um ano.
Amanhã eu tenho uma sessão com minha psi. Ainda não sei se eu conto pra ela sobre meu plano. Acho que vou contar sobre os cortes, que aumentaram há uns minutos atrás. Mas não sei se conto da busca pela arma quando eu chegar em casa.
Por bastante tempo aqui eu tenho dito que não consigo pensar no que eu quero... em um plano. Mas agora, nesse momento, eu tenho duas vontades. Duas coisas que eu queria fazer. Uma anula a outra, elas estão numa balança, mas enfim...
1. Achar a arma e me matar;
2. Sair da minha casa;
O problema da opção dois é que eu não suportaria ficar sem meus gatinhos. E eu não tenho dinheiro. Nem amigos que me acolheriam. Então, opção 1 continua sendo a mais viável.

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